O crescimento da cidade está para a cidade como o crescimento individual está para o indivíduo.
Ao longo da vida o indivíduo deixa entrar na sua vida uma série de referências: pessoas, livros, filmes, atitudes, objectos,... Nessa série de
referências estão de certo percursos que fizemos, cidades que conhecemos, edifícios onde vivemos e é por essa razão que aqui escrevo. Escrevo pela responsabilidade e formação que tenho como arquitecta que sou. Não é uma questão de protagonismo, nem sequer de lamechice como poderão vir a comentar. É sim antes de tudo mais uma questão de me sentir indignada emocional e profissionalmente.
Passo a explicar:
Não posso deixar de me sentir indignada profissionalmente pela sempre visão economicista e não determinada das entidades a quem compete preservar ou não memórias das cidades. Criam associações do preservação do património e esquecem-se de o preservar.
Sinto-me indignada emocionalmente pelo simples facto de todos os dias destruírem as memórias que eu tenho de uma cidade onde eu tenho as minhas raízes, onde vivo e para onde voltei no fim de a negar como minha durante tanto tempo.
Educam-nos para não estragarmos os sapatos novos, para não rasgarmos a roupa, para não partir o relógio, para pouparmos o carro, mas esquecem-se de nos educar para protegermos a nossa cidade. Acho que o mais comum do cidadão entende isto e até se indigna com atitudes das mais altas competências que afinal foram elegidas por ele, mas que pode ele fazer?
O que podemos fazer?
Ninguém concorda com a guerra mas todos tivemos de acatar com a decisão das mais altas competências!
Se ninguém nos liga nenhuma o que é que estamos aqui a fazer?
E é daí que vem insatisfação! É daí que vem a vontade de negar as minhas próprias raízes. É por isso que as entidades competentes que nós elegemos para nos representar devem proteger o espaço onde nos movemos de especulações exteriores as quais nós não temos conhecimento e que um dia quando a vida nos permite andar a pé calmamente pela cidade onde passámos a nossa infância deparamos que aquela casa cor de rosa que um dia serviu de referência para não nos perdermos no caminho para casa já não está lá e o que lá está ou é um edifício que não reflecte as necessidades verdadeiramente económicas da cidade e nem sequer do proprietário no século XXI em que vivemos, ou então está em fase de degradação e a pouco e pouco morre tal e qual como os velhos na nossa sociedade, aqueles que infelizmente estão abandonados à espera de morrer e que ainda nada tem a ver com o imaginário produzido pelas memórias do meu passado que são no fundo a bagagem para o resto da minha vida.
A perspectiva económica é muito importante, mas não a única. Vivemos numa sociedade com alternativas e não com sentenças irreversíveis.
Será assim tão difícil cuidar de património válido?
para mim e para os meus amigos... for me and my friends...
segunda-feira, março 13, 2006
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1 comentário:
ola ola, desculpa tar a responder por aqui, mas nao tenho aqui o teu mail.
podes mandar os videos para
fbonito@gmail.com ?
tenx
flip bnit
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